sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Queria falar alguma coisa. 
Qualquer coisa que pudesse aliviar essa dor. 
Queria descobrir qualquer palavra que me ajude a encontrar algum sentido. 
Mas me mantenho calada. 
Nos momentos mais importantes sempre me faltaram palavras. 
Um silêncio profundo me envolveu e junto com ele um vazio. 
Um vazio tão profundo que parece um buraco negro no meu peito. 
Que suga tudo. 
O silêncio me conforta e me faz dormir em sono profundo. 
Tudo em mim dorme. 
Durmo sem sonhos ou pesadelos. 
Tenho medo de acordar e me deparar com a dor que ainda está lá. 
A dor que me veste o corpo e maquia a minha face. 
Não há comparação que explique minha alma em carne viva. 
Meu melhor amigo tem sido o tempo, que tenta me convencer de que algumas coisas vão passar. 
Mas tem coisas, que até ele concorda, que marcam a carne e a alma e que nem mesmo ele, o tempo, pode mudar.
Queria chorar todas as lágrimas não derramadas. 
Queria transbordar até me afogar e matar tudo de ruim que está em mim. 
Mas não consigo. 


Já morri tantas vezes que nem sei mais se estou viva. 
Sinto meu corpo se movimentar mas não sinto prazer em nenhuma ação.
Mas o que ainda me faz acreditar que ainda estou viva é essa tristeza que invade meu coração. 
É a dor que me percorre o corpo. 
Ainda estou aqui. 
Buscando um jeito de encontrar essa tal paz de espírito. 

sábado, 20 de fevereiro de 2016

As chaves que eu perdi

Passando por essa praça agora, lembro do tempo em que podíamos desempenhar nossos papéis sem dificuldades. 
Vejo as crianças brincando e lembro de nós. 
Lembro daquele balão que você me deu. 
Junto com ele estavam, amarradas, as chaves do carro e da casa. 
Você confiou em mim mas, eu era muito nova pra entender o que aquilo significava. 
Minhas pequenas mãos não conseguiram segurar aquele grande balão. 
Acabei soltando
Talvez por que era pesado demais pra mim. 
E lá se foi pelo céu, as chaves que você me confiou. 
Hoje percebo que você me confiou a honra ter sido tua filha. 
E eu talvez por achar pesado demais, te soltei.
Não lembro como tudo isso aconteceu ou quando os papéis se inverteram. 
Gostaria de saber como seria se tivéssemos tido a oportunidade de assumirmos apenas os papéis que nos cabiam.
Gostaria que a vida tivesse sido mais justa com você.
Gostaria poder ter curado todas as tuas dores pra que, quem sabe assim, você pudesse sentir o prazer em estar aqui. 
Gostaria de ter aguentado. 
De não ter te soltado. 
De ter segurados as chaves que abriam nossas portas. 
Mas, assim como as chaves eu também te perdi. 
Tento me convencer de que talvez tenha sido melhor assim. 
De que algumas chaves são perdidas e nunca mais encontramos.
De que talvez esses papéis eram pequenos demais para sua grande alma. 
Me conforto em saber que agora você está livre. 
Livre desse mundo dessa forma limitada que chamamos de vida.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Esses dias ando sem palavras
Não sou capaz de descrever o que to sentindo e vivendo
Só tenho vontade de rasgar o papel
Como a vida tem resgado meu coração