Para ela ainda era difícil se adaptar a nova vida.
Era tudo que queria, ou pensava que queria, família, casa e uma profissão.
Não sabia bem o que fazer com isso, talvez porque nunca esteve nesses papéis antes, e ninguém nunca lhe ensinou como agir neles.
Já não sabia se realmente era isso que queria de verdade.
Ainda faltava alguma coisa pra se sentir inteira. O que seria?
Pensou que talvez tivesse exigindo demais do mundo.
Percebeu que ao seu redor as pessoas se contentavam com o que tinham e não almejavam muito da vida. Se questionou se suas expectativas eram demais para o mundo que vivia.
Teve medo de perder os sonhos, as expectativas, e não mais se incomodar.
Preferia se perder nos livros e se encontrar nos escritos.
Porque sabia que o mundo real era muito difícil de ser suportar sozinha.
Se doava tanto e esperava tão pouco, sempre achou que essa troca deveria ser natural.
Teve medo de não esperar mais nada, se tornar mais uma pessoa passiva e sem expectativas.
Teve mais medo ainda de nunca se acostumar, de nunca se sentir pertencente a lugar algum.
De carregar para sempre essa solidão.
Só queria encontrar um lugar que pudesse chamar de lar, que tivesse prazer ao voltar e ver que tem gente, gatos e cachorros lhe esperando. Gente brigando mas, se amando.
Sabia que essa espera era dolorosa, mas sabia que não ter mais pelo que esperar era mais doloroso ainda. Preferia manter os sonhos ali, intactos na ponta da caneta e alimentando o coração.