Era uma noite nublada. Decidi ficar ali, no canto escuro de um lugar desconhecido.
Poderia sair lá fora e tentar desvendar os encantos de uma cidade maravilhosa. Mas preferi ficar ali, no indesvendável mundo das minhas ideias.
Ele chegou e eu nem percebi. Quando voltei ao mundo real ele me perguntou se podia tocar alguma música pra mim. Eu respondi que sim. Depois de alguns minutos ele tocou e cantou.
Fiquei surpreendida por ser aquela música. Nem me lembro da última vez que ouvi aquela canção. Lembrei da minha infância,. Lembrei da minha mãe cantando esse lamento triste. Lembrei de quanto eu gostava de ouvir o som da voz dela cantando. Lembrei de seus olhos tristes e de suas mãos amaciando meus cabelos. Senti uma saudade que nem sabia que existia em mim.
Chorei como uma criança perdida, como eu acho que sempre fui. Mas chorei principalmente por ter me dado conta da beleza dessa música e do quanto ela traduz a tristeza que minha sempre carregou, e que agora também é a minha.
Agradeci aquele rapaz por me fazer lembrar de tudo isso, da conexão com minha mãe da conexão comigo mesma. Quando criança eu imaginava como seria um amor assim. Imaginava como era morar em um bosque chamado solidão. Eu cresci e continuei achando bonito essas coisas.
Essas memórias são o melhor de mim, e fico feliz de carregar tantas coisas aqui comigo.