Quase todos os seus sábados são solitários
É como se ela os reservasse
Para ser compartilhado com alguém
Assiste um filme ou lê um livro
Esperando uma resposta, um sinal
Alguma coisa que revele que seu coração ainda está vivo
Quando chega a noite ela se arruma
Vai ao grupo de amantes de cinema
Senta distante de todos
Fica atenta aos que chegam
Revelando uma ansiedade contida
Mas sem admitir publicamente
Ela espera por alguém
Alguém que nunca chega
Mas se chegasse…
Sentaria ao seu lado, e diria:
- Eu sabia que iria te encontrar aqui
Mas o filme começa e a ansiedade vai diminuindo
Junto com a esperança de ser surpreendida
O filme termina
A iluminação revela os rostos familiares
Todos a conhecem, ela está sempre lá
Afinal os sábados são dos namorados
Ou dos solteiros enlouquecidos
E como ela não pertence a nenhum desses mundos
Prefere ficar ali
No fundo escuro de uma sala de cinema
Em que a única surpresa possível
São as emoções de cenas ficcionadas