Estava cansada de ficar sozinha e decidi ir até o parque. Gosto de ficar olhando as crianças brincando. Gosto de lembrar da minha infância.
Levei meu caderninho para escrever um pouco. As crianças brincavam e eu observava atentamente. Os meninos disputavam o escorregador e os outros esperavam sem paciência a fila do balanço.
As crianças brincavam juntas sem nem mesmo ser apresentadas. Sem se importar com as diferenças e nem mesmo ligar para a arrogância dos pais. Uma menina me chamou atenção. Ela ficava sozinha, mas não parecia triste ou “emburrada”. Ela só parecia não se sentir à vontade com os demais. Então brincava distante. Brincava com os gatos e corria atrás das borboletas. Parecia tão contente naqueles pequenos momentos, mas sua brincadeira foi interrompida. Uma mulher com uma bacia nas mãos lhe chamou:
-Vamos filha, já deu tempo de você brincar. Preciso que me ajuda a terminar de vender as pamonhas.
Então, ela seguiu sua mãe com a outra bacia. Fiquei de longe observando. Quando estavam dispostas a partir eu decidi comprar uma pamonha.
Cheguei até elas, perguntei a menina quanto era, e ela me respondeu que eram apenas 2 reais. Entreguei o dinheiro e recebi a pamonha.
Tomei coragem e perguntei seu nome. Ela me disse:
- Diana
Comecei a perguntar sobre sua vida. Mas com uma timidez nítida nos olhos ela me dava respostas breves. Quando finalmente ela quebrou esses e me encheu de perguntas:
- Como é ser grande? Como é ter liberdade de fazer o que quiser?Como é ter amigos e tempo pra brincar? Você é feliz?
Fiquei surpreendida, mas respondi:
- Diana, você sim é grande. Quando criança achamos que ser adulto é melhor. Mas quando nos tornamos adultos queremos voltar a ser criança. Sim eu tenho alguns amigos, mas não temos tempo para brincar. Na verdade já faz muito tempo que eu não brinco com ninguém. Tenho tantas responsabilidades, tantos deveres que nem paro para pensar se sou realmente feliz.
Mas me diz, o que você quer ser quando crescer? Qual é seu sonho?
- Eu vi na TV um homem indo pra lua, então me deu vontade. Acho que quero ser astronauta, quero descobrir outro planeta, onde crianças e adultos brincam juntos. Onde não há fome nem dor.
-Que lindo sonho Diana, espero que você consiga realizá-lo. Mas pra isso você precisa continuar sonhando, e acreditando. Mesmo que se torne adulta, não deixe de ser criança nunca. Não se torne uma pessoa frustrada com a vida, seja livre pelas suas próprias escolhas.
Ela me deu um sorriso contido, e então eu peguei meu caderno e lhe entreguei.
- Escreva nesse caderno todos os seus sonhos, para você nunca esquecê-los. Escreva também as angústias e tristezas, para você se livrar delas. Não carregue mais do que você pode suportar.
Ela me deu um longo abraço e me agradeceu. Fiquei sem palavras e apenas retribui o gesto de carinho. Já faz tanto tempo que eu nem sabia mais como abraçar alguém.
Parecia um encontro de velhas amigas.
Então, sua mãe nos interrompeu e juntas voltaram ao trabalho.
Não sei se um dia verei Diana novamente, mas aquela menina é tão grande quando seus sonhos, e tenho certeza que ela vai descobrir isso.
Não voltei para casa naquele dia. Fui até a casa de uma antiga amiga, que sempre me chamava para conversar, mas eu na correria do meu dia-a-dia sempre adiava.
Decidi então, convidá-la para brincar. Ela achou graça, mas aceitou. Há tempo não visitava ninguém.
Aquela pequena grande menina me fez um favor.
Me mostrou que ainda estou viva e posso sonhar.
Levei meu caderninho para escrever um pouco. As crianças brincavam e eu observava atentamente. Os meninos disputavam o escorregador e os outros esperavam sem paciência a fila do balanço.
As crianças brincavam juntas sem nem mesmo ser apresentadas. Sem se importar com as diferenças e nem mesmo ligar para a arrogância dos pais. Uma menina me chamou atenção. Ela ficava sozinha, mas não parecia triste ou “emburrada”. Ela só parecia não se sentir à vontade com os demais. Então brincava distante. Brincava com os gatos e corria atrás das borboletas. Parecia tão contente naqueles pequenos momentos, mas sua brincadeira foi interrompida. Uma mulher com uma bacia nas mãos lhe chamou:
-Vamos filha, já deu tempo de você brincar. Preciso que me ajuda a terminar de vender as pamonhas.
Então, ela seguiu sua mãe com a outra bacia. Fiquei de longe observando. Quando estavam dispostas a partir eu decidi comprar uma pamonha.
Cheguei até elas, perguntei a menina quanto era, e ela me respondeu que eram apenas 2 reais. Entreguei o dinheiro e recebi a pamonha.
Tomei coragem e perguntei seu nome. Ela me disse:
- Diana
Comecei a perguntar sobre sua vida. Mas com uma timidez nítida nos olhos ela me dava respostas breves. Quando finalmente ela quebrou esses e me encheu de perguntas:
- Como é ser grande? Como é ter liberdade de fazer o que quiser?Como é ter amigos e tempo pra brincar? Você é feliz?
Fiquei surpreendida, mas respondi:
- Diana, você sim é grande. Quando criança achamos que ser adulto é melhor. Mas quando nos tornamos adultos queremos voltar a ser criança. Sim eu tenho alguns amigos, mas não temos tempo para brincar. Na verdade já faz muito tempo que eu não brinco com ninguém. Tenho tantas responsabilidades, tantos deveres que nem paro para pensar se sou realmente feliz.
Mas me diz, o que você quer ser quando crescer? Qual é seu sonho?
- Eu vi na TV um homem indo pra lua, então me deu vontade. Acho que quero ser astronauta, quero descobrir outro planeta, onde crianças e adultos brincam juntos. Onde não há fome nem dor.
-Que lindo sonho Diana, espero que você consiga realizá-lo. Mas pra isso você precisa continuar sonhando, e acreditando. Mesmo que se torne adulta, não deixe de ser criança nunca. Não se torne uma pessoa frustrada com a vida, seja livre pelas suas próprias escolhas.
Ela me deu um sorriso contido, e então eu peguei meu caderno e lhe entreguei.
- Escreva nesse caderno todos os seus sonhos, para você nunca esquecê-los. Escreva também as angústias e tristezas, para você se livrar delas. Não carregue mais do que você pode suportar.
Ela me deu um longo abraço e me agradeceu. Fiquei sem palavras e apenas retribui o gesto de carinho. Já faz tanto tempo que eu nem sabia mais como abraçar alguém.
Parecia um encontro de velhas amigas.
Então, sua mãe nos interrompeu e juntas voltaram ao trabalho.
Não sei se um dia verei Diana novamente, mas aquela menina é tão grande quando seus sonhos, e tenho certeza que ela vai descobrir isso.
Não voltei para casa naquele dia. Fui até a casa de uma antiga amiga, que sempre me chamava para conversar, mas eu na correria do meu dia-a-dia sempre adiava.
Decidi então, convidá-la para brincar. Ela achou graça, mas aceitou. Há tempo não visitava ninguém.
Aquela pequena grande menina me fez um favor.
Me mostrou que ainda estou viva e posso sonhar.