quarta-feira, 11 de março de 2015

No teatro

O teatro era enorme, e eu estava em uma das pontas e ele...
Eu sabia que estava lá, mesmo no escuro e distante eu podia sentir sua presença.
As luzes se acenderam revelando os rostos da platéia e eu o procurei. 
Sim ele estava lá.
Exatamente do outro lado, oposto a mim.
Eu olhei de muito longe, mas podia sentir ele me olhando, foi como matar a saudade de tudo que nós nunca vivemos.
Mas quando eu consegui olhar para os lados, vi que não estava só, uma linda mulher o acompanhava.
Isso me doeu, me lembrei das vezes que me imaginei ao seu lado, ali no teatro, ou no cinema, ou ao seu lado em longas caminhadas. Nos meus sonhos a gente caminhava para o infinito.
Mas não, não era eu quem estava lá, compartilhando esse momento com você. 
Imaginei se ela estaria feliz só de estar ao seu lado, de sentir teu cheiro e poder te abraçar. Me perguntei se ela realmente sabia a importância desse momento, a importância da sua presença.
Mas, não poderia ser mesmo eu ali. 
Nossos caminhos não se cruzam.
Ele de um lado, bem acompanhado, e eu do outro, também bem acompanhada da solidão.
Tento confortar meu coração, dizendo a ele que o universo me reserva destino melhor.
Na verdade tenho vários caminhos, em um deles imaginei ter uma vida normal, com um amor comum, mas como essa parece ser impossível para uma pessoa incomum como eu...
Então me sustento a imaginar que meu caminho ainda é longo e distante daqui, pois agora estou livre. 
Não tenho mais nada para alimentar.
Sei que um dia tudo isso vai fazer sentido, eu sei que vai.
A solidão é só o primeiro passo para uma grande jornada.



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