terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Um pedido de ajuda

Ele sentou na beira do lago     
Olhou para a imensidão de água ao seu redor
E sentiu vontade de se jogar
Sem fazer forçar para nadar, ele desejou se afundar
Olhou para seu rosto refletido na água e gritou:
- Preciso de ajuda!!!
Mas ninguém escutou de verdade
Os poucos que escutaram de longe imaginaram que era um louco
Então ele escreveu em um papel um pedido de ajuda
“Pareço forte, mas é só pra ninguém ver
O tamanho das minhas feridas ainda abertas
O meu pior erro é tentar me enganar
De que estou bem, não eu não estou
Preciso de ajuda, mas não sei a quem pedir
Então fico torcendo pra alguma coisa acontecer
Algo que me tire daqui
Queria sumir
Fugir do que sou, e de como vivo
Fugir das minhas dores
Se alguém encontrar esse papel
Por favor, me ajude
Prazer sou Antônio!”
Então ele dobrou o papel, colocou dentro de uma garrafa de cerveja e jogou no lago
Do outro lado, bem distante
Uma menina alimentava os peixes
Havia tanta gente, mas ninguém para conversar
Encontrou uma garrafa com papel dentro
Achou interessante e leu
Ao ler, ela chorou
Foi um sentimento inexplicável
Pela primeira vez ela não se sentiu sozinha em sua dor
Só ela poderia entender o desespero de Antônio
Então, decidiu responder a ele da mesma forma
“Seu peso não é maior e nem menor que o meu
Mas se trocássemos não aguentaríamos
Estou disposta a te ajudar, pois te ajudando eu posso me encontrar
Sua solidão é tão parecida com a minha.
P.S. Me espere, estou indo te procurar.
Prazer Cecília!”
Então deu adeus aos peixes e foi até o outro lado
Antônio assustado, com a garrafa que voltava
Leu o bilhete, e pela primeira vez se sentiu correspondido
Sem precisar fingir ser o que não era
Na euforia do momento Cecília andou, correu
E Antônio esperou, pacientemente por ela
Já se passaram tantas horas, parecia uma eternidade
Mas no final da tarde, ela chegou
Olhou para todos, tentando identificá-lo
Poderia ser qualquer um
Não, não poderia, todos estavam ocupados demais para esperar por alguém
 Só poderia ser aquele rapaz sentado na beira sozinho
Ela foi até lá, sentou ao seu lado sem dizer nada
Então se abraçaram, e ficaram calados
Em um silêncio confortável
Pois nenhuma palavra traduzia esse momento
Deitaram na grama para observar o pôr-do-sol
E sem se preocupar com o mundo ao redor
Os dois dividiram suas dores
Partilharam a solidão
E naquele infinito momento se sentiram felizes

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