Ela saiu andando pelas ruas
sem pressa e sem rumo
O som do silêncio preenchia sua alma
É disso que ela precisava
Se sentir vazia, sem alegria e sem dor
Sem recordações e sem entusiasmos
Precisava se encontrar com sua solidão
Ana abandou suas certezas
Achou que estava enganada sobre quem era
de verdade
Lembrou dos personagens que criou pra
tentar fugir
Se deu conta de que gostava de mentir
De fingir ser outra pessoa e fugir do que
realmente era
Ana foi uma criança muito sozinha
O que alimentou sua criatividade
Pois sem amigos ela conversava com animais
e insetos
Era uma criança normal, mas com
responsabilidades de adulto
Entendeu muito cedo o quanto a vida real
era dura
Por isso criou seus próprios mundos
Um reino sem miséria e tristezas
Onde todo mundo era rei
Cresceu achando que nunca seria amada de
verdade
Então no seu aniversário de 8 anos, o
único finalmente comemorado
Ela achou que poderia fazer um pedido
Pediu para que quando crescesse ser tornasse uma
garota amável
Uma mulher dedicada e engraçada, que
agradaria a todos
Agora lembrando aquele pedido, ela se
arrependeu
Pois ele foi atendido, ela realmente era
uma garota engraçada
Todos a querem por perto, mas ninguém está
ao seu lado
Já não há mais graça em nada
Não há ninguém para lhe fazer sorrir
O medo de estar sozinha agora pesa sobre
seus ombros
Mas só ela sabia o quanto era difícil
guardar esse segredo
Afinal, como seria se seus amigos
soubessem
Que ao invés de uma menina sorridente e
divertida
Ela era triste e sozinha? Quem iria quer
ajudá-la?
Mas agora Ana decidiu enfrentar seus medos
E ser quem realmente é
Ou criar novos mundos e talvez novos
personagens
Mas decidiu principalmente não esconder
mais seu lado sombrio
E como fazia na infância
Ela saiu pelas ruas como uma criança
perdida
Sem se preocupar em ser encontrada
Saiu de si para dançar com sua solidão
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