sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Pé de caju



Tem um pé de caju no meu quintal 

Foi meu pai que plantou 

Há 13 anos atrás 

Ele já foi pequeno 

Já foi estrondoso 

Já deu muitos frutos 

Os pássaros faziam festas se aproveitando dos frutos, da sombra 

As pessoas que passavam sempre pediam um caju como se fosse para ser de todo mundo, pra ser dividido 

O tempo passou 

Meu pai morreu 

Minha foi embora 

O cajueiro ficou 

Tem uns 3 anos que ele morre e não morre 

A gente declarou até a morte dele, de tão seco, de tão ferido que ele parecia 

Os frutos já não vingavam 

Os pássaros já não faziam festa 

As pessoas já não o olhavam mais 

Aí eu voltei a morar nessa casa 

Lembrei do quanto ele foi meu refúgio 

Cuidei dele 

Acreditei que um dia ele sobreviveria 

Mesmo sem tantos frutos 

Mesmo com folhas que pareciam machucadas demais 

Hoje ele voltou a florecer

Hoje ele me deu um lindo caju

Depois de anos com frutos tão feridos e machucados que ninguém comeria 

Hoje ele me mostrou um caju diferente, ainda machucado 

Ainda cheio de marcas 

Mas bonito 

Não sei se é o pé de caju que tá mais bonito 

Ou se são meus olhos que mudaram 

Eu olho pra esse lindo caju, vejo e consigo entender que o processo de cura pode demorar mas é necessário 

Quantas vezes eu achei que tinha morrido 

Quantas vezes eu achei que não seria mais uma “festa” 

Hoje, me olho com calma 

Conheço minhas feridas

É assim como esse cajueiro eu me refaço quantas vezes for necessário 

Já não me importo em servir tanto 

Só quero estar inteira e viva 

Pronta pra esse novo capítulo da vida! 

Voltei!

 Oi 

Eu voltei 

Depois de 15 longos anos 

Afinal nunca é tarde pra recomeçar 

Não sei sobre o que será esse blog 

Mas é parte de mim 

Então enquanto vou descobrindo minha nova versão 

Também vou contando por aqui 

Minhas aventuras 

Minhas bobagens 

Meus pensamentos 

E se quiseres ficar 

Pegue uma cadeira

Sirva um fatia de bolo e café 

Sinta-se confortável pra rir e chorar