domingo, 6 de março de 2016

Infeliz da sua maneira

Ela estava sentada no banco da praça, com os livros ao lado e um cigarro na mão
A luz do poste pairava sobre ela de uma maneira tão poética que até parecia bonito aquela solidão
Escreveu alguma coisa num caderninho e depois leu um trecho do livro
Parecia tentar encontrar alguma resposta, algum conforto nas palavras
Mas desistiu
Ficou olhando para o nada, como se fosse tudo
Talvez ela soubesse que alguns sentimentos não são traduzidos em palavras
Que as vezes a única solução é sentir
Olhou para o grupo de pessoas do outro lado da rua
Eles bebiam e se divertiam
Ela baixou a cabeça e sentiu falta de ter uma vida mais leve
Sentiu falta dos amigos e do convívio social
Mas sabia que nunca se sentiu pertencente a grupo nenhum ou a lugar nenhum
Sabia que não conseguia mais fingir alegria
E que não queria incomodar mais os velhos amigos
Eles já não queriam mais conviver com as tristezas dela
Os que ainda estavam por perto, eram os poucos que acreditavam que ela voltaria a ser como antes
Que voltaria a ser a garota legal que alegrava a galera 
Os outros, que eram maioria, se afastaram porque era mais fácil
Ela sentia que mesmo amando todos, precisava deixá-los  livres para serem felizes 
E que de alguma forma ela também poderia estar livre pra ser infeliz da sua maneira. 

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