Ela estava sentada no banco da praça, com
os livros ao lado e um cigarro na mão
A luz do poste pairava sobre ela de uma
maneira tão poética que até parecia bonito aquela solidão
Escreveu alguma coisa num caderninho e
depois leu um trecho do livro
Parecia tentar encontrar alguma resposta, algum
conforto nas palavras
Mas desistiu
Ficou olhando para o nada,
como se fosse tudo
Talvez ela soubesse que alguns sentimentos
não são traduzidos em palavras
Que as vezes a única solução é sentir
Olhou para o grupo de pessoas do outro
lado da rua
Eles bebiam e se divertiam
Ela baixou a cabeça e sentiu falta de ter
uma vida mais leve
Sentiu falta dos amigos e do convívio
social
Mas sabia que nunca se sentiu pertencente
a grupo nenhum ou a lugar nenhum
Sabia que não conseguia mais fingir
alegria
E que não queria incomodar mais os velhos amigos
Eles já não queriam mais conviver com as tristezas dela
Os que ainda estavam por perto, eram os poucos que acreditavam que ela voltaria a ser como antes
Que voltaria a ser a garota legal que alegrava a galera
Os outros, que eram maioria, se afastaram porque era mais fácil
Ela sentia que mesmo amando todos, precisava deixá-los livres para serem felizes
E que de alguma forma ela também poderia estar livre pra ser infeliz da sua maneira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário