segunda-feira, 27 de julho de 2015

A cidade cinza da menina colorida

H.R.S Produções


Às vezes parece que existe uma cidade dentro de mim

Uma cidade que já foi povoada de gente, casas e ruas
Hoje é cheia de fantasmas e recordações
Mas ainda está em funcionamento
Ainda consigo olhar para rua onde morei
Ainda vejo as crianças brincando de pipa, de bola
Ainda vejo os cachorros suicidas na esquina
Na espera que carros apressados passem
E consumam o plano final desses pobres vagabundos
De corações nobres que, cansaram de sofrer
Ainda vejo a menina de vestido colorido
Saindo de casa com seus livros
Era a casa mais bonita da rua, com o muro verde de plantas
Ela dá um beijo de despedida no cachorro,
Passa pelos meninos distraídos e sorri
Ela sempre sorri
Porque tudo lhe encanta

A cidade agora está cinza
Os cachorros desistiram dos planos suicidas
Condenaram-se, sem julgamento formal, a sobreviver
O muro verde de plantas morreu
As crianças pararam de brincar
E a menina dos livros desapareceu
A cidade agora está vazia
Não têm mais a menina que pintava as ruas
Tenho esperanças que ela volte a povoar esse lugar novamente
Talvez ela esteja se aventurando por alguma literatura encantada
Às vezes me desespero, pego todos os livros que posso e abro
Procuro por ela
Quem sabe saia de alguma página?

Sinto falta da menina que aqui habitava
Sem ela sou uma cidade vazia ainda que em funcionamento
Só não funciona mais o coração
Talvez ela tenha se mudado
Hoje sou uma cidade cinza e vazia
Estou entregue a corrupção dos que tentam me dominar
Mas, ainda sou a cidade dos cachorros suicidas
Dos meninos que brincam na rua
Dos muros verdes e dos livros
Ainda sou a cidade cinza da menina colorida

Nenhum comentário:

Postar um comentário